Planos de Eletrificação da Nissan no Brasil Devem Ir Além do Leaf

Planos de Eletrificação da Nissan no Brasil Devem Ir Além do Leaf

Os planos de eletrificação da Nissan no Brasil podem ir bastante além do lançamento do Leaf, carro elétrico que deve começar a ser entregue aos primeiros clientes por aqui nos próximos meses, até junho. A fabricante tem a meta de até 2022 ultrapassar 1 milhão de veículos eletrificados vendidos por ano no mundo todo. O mercado brasileiro entrará nessa conta com mais vigor por meio da adoção de uma plataforma híbrida global em série, que combina tração 100% elétrica com motor a combustão para gerar energia. Nesse horizonte de três anos, a Nissan estuda introduzir esse tipo de powertrain em modelos produzidos no País, e o candidato número um para isso é o SUV compacto Kicks.
 
A Nissan já tem a plataforma híbrida em série desenvolvida, denominada e-Power, baseada no powertrain elétrico do Leaf com a adição de um motor a gasolina de 1,2 litro que gera energia para a tração 100% elétrica. A solução foi introduzida primeiro no Japão em 2016 a bordo do hatch compacto Note, que por causa da tecnologia tornou-se em 2018 o carro mais vendido do mercado japonês. Cerca de 70% dos Note comprados pelos japoneses são da versão e-Power e falta capacidade para atender a demanda crescente. A minivan Solera também incorporou a plataforma com o mesmo efeito: as vendas estão aumentando.
 
Marco Silva, presidente da Nissan no Brasil, admite que para o mercado nacional o powertrain elétrico com gerador a combustão faz mais sentido comercial do que o modelo do Leaf, 100% sustentado pela carga das baterias, que tem autonomia de até 322 km e encontra poucas estações de recarga. A opção híbrida torna-se ainda mais atrativa se o motor-gerador for flex, bicombustível etanol-gasolina, pois veículos híbridos flex têm desconto de três pontos porcentuais na alíquota de IPI, conforme aprovado no fim de 2018 no programa Rota 2030.
 
“O e-Power híbrido flex é uma solução atraente para o Brasil. Ainda não temos uma data para isso, mas está em desenvolvimento uma plataforma modular global que poderá ser incorporada aqui com a vantagem de usar etanol. Certamente seria um carro mais barato que o Leaf”, disse Marco Silva.
 
 
A engenharia da Nissan já fez testes no Brasil com um Note e-Power importado do Japão, ainda com a direção à direita. A intenção, segundo Silva, foi estudar a viabilidade desse tipo de powertrain nas condições brasileiras. Por ora não há planos de importar o modelo comercialmente nem de nacionalizar sua produção. O mais provável é a adaptação para um carro nacional da marca, “mas ainda não temos nada definido, não podemos colocar algo no mercado para logo depois descontinuar, vamos estudar as possibilidades antes”, ressalta o executivo.
 
Leaf na ponta da eletrificação
 
Enquanto não se definem outras possibilidades, a Nissan começa seu plano de eletrificação no Brasil com o Leaf, carro elétrico mais vendido do mundo (380 mil unidades já foram comercializadas desde 2010). A pré-venda do modelo no mercado nacional foi aberta no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro passado, pelo preço de R$ 178,4 mil. Desde então foram encomendados 15 carros, ao custo de um sinal de R$ 5 mil pela reserva.
 
O primeiro lote de 42 Leaf importados da Inglaterra só chega nos próximos meses, em prazo elástico até junho. Só então eles serão entregues aos primeiros proprietários brasileiros e seguirão também para sete concessionárias em seis cidades, duas em São Paulo e as outras no Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.
 
“O Leaf só é produzido em três fábricas, no Japão, nos Estados Unidos e no Reino Unido, todas no limite. Para o Brasil o modelo virá da fábrica inglesa e existem certas limitações de volume. Por isso abrimos as encomendas tanto tempo antes”, explica Silva. Segundo ele, o número de encomendas no Brasil ficou acima do esperado “e pode ser considerado um sucesso, pelo preço do carro e pela espera de seis a sete meses para receber estimamos que cerca de 10 reservas já seriam um bom resultado”, avalia.
 
Silva reconhece a dificuldade de entrar em um mercado ainda pouco conhecido e pouco valorizado pelos brasileiros, mas afirma que trazer o Leaf importado é uma forma de não ficar para trás em uma das principais tendências tecnológicas da indústria automobilística. “Poderíamos eventualmente ficar bem tranquilos, esperar para ver o que vai acontecer com elétricos e suas baterias, mas essa atitude nos deixaria para trás. Precisamos mostrar nossa resiliência aqui e acompanhar a tecnologia”, defende.
 
Meio ambiente eletrificado
 
A Nissan também tenta estimular a criação de meio ambiente próprio para atender o possível aumento da eletrificação da mobilidade no País. Três parcerias já foram firmadas desde o ano passado. A primeira com a Universidade Federal de Santa Catarina, para o desenvolvimento de soluções de reaproveitamento das baterias do Leaf após o fim da vida últil (cerca de oito anos), que ainda conservam perto de 80% de capacidade de armazenamento de energia e podem ser usadas em sistemas de nobreaks de telefonia, ou mesmo em outros veículos elétricos e híbridos com fonte interna de geração.
 
Também foi assinado em novembro passado, durante o Salão de São Paulo, um memorando de entendimento entre Nissan e Enel X para o desenvolvimento conjunto de soluções de mobilidade elétrica , especialmente para estações de rede inteligente, em que o veículo pode ser recarregado e também “devolver” energia excedente ao sistema em horários de pico – um sistema assim poderia, por exemplo, abastecer a iluminação de uma casa.
 
Este mês a Nissan assinou outro acordo com vistas à eletrificação no Brasil, desta vez com a Itaipu Binacional e o Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (Itai) para desenvolver no País estações de recarga para carros elétricos.
 
“Fizemos diversos projetos e acordos nos últimos seis meses para ajudar o País a se preparar para a eletrificação dos veículos. Acreditamos que temos de fazer a tropicalização dessas tecnologias com a nossa engenharia e instituições de pesquisa e desenvolvimento”, diz Marco Silva.


Publicado em: 14/02/2019



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